Daniel Tsige, diretor-geral da Ethiopian Airlines em Moçambique, promete “passagens baratas, porque não esperamos lucros imediatos”, nas 108 rotas nacionais que lhe foram atribuídas e revelou em exclusivo ao jornal moçambicano ‘A Verdade’ (também conhecido pela marca comercial ‘@Verdade’ pela sua grande influência no jornalismo digital do país africano). Este concurso permitiu à companhia etíope, que é a maior de África, colocar de lado a fusão que estava a negociar com as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
As declarações do responsável pela Ethiopian surge na sequência da divulgação dos resultados do primeiro concurso público de alocação de rotas aéreas domésticas e internacionais em Moçambique (LINK notícia relacionada).
“É a primeira vez na história deste país que companhias estrangeiras concorrem nas rotas domésticas, é o caso da Malawi Airlines e da Ethiopian Airlines, e provavelmente outras virão, é a nossa expectativa”, disse com satisfação o presidente do Conselho de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM), João de Abreu, em conferência de imprensa em Maputo.
No seguimento de um concurso público lançado no passado mês de Abril, o primeiro do género na história da aviação moçambicana, o IACM atribuiu 48 rotas internacionais para aviação comercial às companhias CFM – Transportes e Trabalhos Aéreos SA, Linhas Aéreas de Moçambique SA (LAM), Moçambique Expresso SARL (MEX) e a Transportes e Trabalhos Aéreos (TTA).
As rotas internacionais, regionais e intercontinentais, atribuídas destinam-se a ligações aéreas entre Moçambique e a África do Sul, Tanzânia, Brasil, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Malawi, Quénia, Botswana, Vietname e Qatar.
Ethiopian ganhou 108 rotas domésticas em Moçambique
O jornal ‘ A Verdade’ entrevistou Daniel Tsige, o responsável da Ethiopian Airlines em Moçambique, empresa que voa para 113 países diferentes e a quem foram atribuídas 108 rotas domésticas, que revelou que o desejo da maior companhia do continente entrar ainda mais no mercado nacional não é novo. “Estávamos numa negociação com as LAM para uma fusão mas esta era a outra opção, e eu penso que é uma melhor opção porque não há responsabilidade, e podemos fazer a operação como queremos e sem nenhuma influência, por isso é a melhor solução”.
Daniel Tsige garantiu que o desejo da Ethiopian Airlines é operar todas as rotas domésticas que lhes foram atribuídas. A concretizar-se, além da melhoria de preços e serviços, os moçambicanos poderão ficar com muito melhores ligações, pois 100 dessas rotas nem sequer partem de Maputo mas são conexões diretas entre capitais de todas as províncias do imenso país do Índico.
A companhia etíope, além das rotas domésticas no seu país de origem, opera rotas domésticas no Togo e no Malawi. Aliás neste último país vizinho de Moçambique compraram 49% da companhia local, a Malawi Airlines, uma das empresas que também ganhou direito a voar dentro de Moçambique, adianta ‘A Verdade’.
“Não somos apenas uma empresa de aviação, somos um grupo que transporta passageiros, carga, fornece serviços de catering, formação e manutenção. Estamos agora a implementar a ‘Visão 2020-2025’, entendemos que o negócio da aviação não é onde se faz lucro fácil, é investimento de futuro. Por isso primeiro precisamos de criar a apetência dos passageiros e depois com a conexões que oferecemos faremos os lucros” aclarou Tsige.
No entanto, o responsável da transportadora de bandeira da Etiópia, uma empresa do Estado criada em 1945, ajuntou que vê potencial no mercado moçambicano pois existe uma classe média mais robusta que no seu país onde, mesmo apesar disso, fazem cinco voos por dia de e para destinos considerados pequenos como Mekele ou Bahir Dar. “O segredo é primeiro fornecer o serviço e depois deixar os clientes adaptarem-se, com preços baratos, para que o transporte aéreo se torne habitual como viajar de autocarro. E quando o cliente experimenta viajar de avião nunca mais irá usar os autocarros”.
Daniel Tsige não avançou quão barato será voar através da Ethiopian Airlines dentro de Moçambique mas prometeu que será “muito acessível, não esperamos fazer lucros no início, o nosso plano é o futuro”.
O entrevistado do jornal ‘A Verdade’ enfatizou que mesmo com os custos altos dos serviços aeroportuários no em Moçambique, “são mais do dobro que na Etiópia, mas acredito que podemos trabalhar com isso para chegar a preços de passagens acessíveis”.
“É difícil avançar uma data para o início dos voos mas já estamos a trabalhar para começar o mais cedo que for possível”, concluiu Tsige referindo que a companhia que representa tem uma frota de 92 aviões modernos, Airbus e Boeing, e encomendou já 59 novos que integrarão a sua frota nos próximos anos.