O Estado português poderá vir a ficar com mais de 90% do capital da TAP no âmbito da reestruturação da companhia aérea, já que o Governo pretende que pelo menos parte do empréstimo de 1,2 mil milhões de euros seja convertido em capital.
“Estamos a propor que grande parte desse empréstimo (1.200 milhões de euros) seja convertido de empréstimo em capital, para que os indicadores financeiros da empresa melhorem”, afirmou João Leão em entrevista à agência internacional de notícias ‘Reuters’ publicada na semana passada.
Este cenário, que já tinha sido admitido pelo ministro Pedro Nuno Santos em entrevista ao jornal ‘Negócios’, levará o Estado português a elevar a sua participação na companhia aérea de 72,5% para cerca de 90%, o que reduzirá a participação do acionista privado.
No que diz respeito à participação dos credores privados no esforço do plano de reestruturação, João Leão afirmou que o governo não está a pensar em cortar os pagamentos aos detentores privados de obrigações da TAP para garantir a viabilidade financeira desta, mas também não descarta esse cenário, que estará dependente das negociações com a Comissão Europeia.
“Até agora, não está previsto” um haircut aos detentores de 750 milhões de euros em obrigações, “mas é uma discussão que temos de ter com a Comissão Europeia para garantir que todos os ‘stakeholders’ estão envolvidos”.
“A principal preocupação do plano é tornar a empresa sustentável”, disse João Leão na entrevista à ‘Reuters’. As negociações formais com a Comissão Europeia começaram este mês e o Governo espera que “no primeiro trimestre o plano seja aprovado.”
O ministro das Finanças destacou a importância de a TAP voltar a financiar-se nos mercados. “É importante que a empresa viva por si própria… para que o mais rápido possível, se possível a partir do próximo ano ou mais tarde, a empresa deixe de ter de ser financiada pelo Estado”, afirmou.
E admitiu uma parceria estratégica com outra companhia aérea, pois “pode ser interessante ter outro player para também ajudar a TAP a garantir que a empresa se torne competitiva e lucrativa.”