O jornal digital ‘Observador’, que se publica em Lisboa, revelou hoje que o Governo e os sindicatos da TAP Portugal estiveram muito próximo de um acordo no dia anterior ao que foi decretada a requisição civil dos trabalhadores da companhia aérea portuguesa (LINK para notícia anterior). Se tivesse obtido acordo, o Governo da República, que representa nas negociações o único acionista da companhia aérea, que é o Estado Português, abriria negociações para o caderno de encargos da privatização da TAP.
Refere o ‘Observador’ que tudo falhou devido à inflexibilidade da posição do representante do Sindicato dos Pilotos, que continuou a exigir uma participação mais ampla dos trabalhadores no capital da companhia, no anunciado processo de privatização.
Surpreendendo até outros representantes sindicais, os pilotos voltaram a exigir que 10 a 20% das ações da TAP ficassem nas mãos dos sindicatos, escreve o jornal. “A discussão estava a ser feita ponto a ponto, mas depois subitamente fugiu ao controlo”, referiu uma fonte conhecedora do processo ao ‘Observador’.
Desde o início destas recentes negociações, quer com os trabalhadores, quer as que levaram às decisões tomadas para basear o lançamento do processo de privatização que o Governo tem referido que não cederá à pretensão dos pilotos. Para melhor defender-se o Executivo de Passos Coelho solicitou um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República que na resposta desvalorizou a exigência e o acordo que em 1999 os pilotos fizeram com a Administração da TAP.
Segundo o ‘Observador’ nas últimas conversações entre o Governo e os sindicatos havia duas linhas vermelhas: uma de que não haveria cedências quanto ao capital que está destinado para os trabalhadores – e não em exclusivo para os pilotos – neste processo de privatização; outra que a convocação da greve geral deveria ser levantada para seguirem as negociações. Como se sabe, nenhuma das partes cedeu e os responsáveis da companhia e o Governo confrontam-se agora com a greve geral, cujos efeitos deverão ser atenuados com a imposição da requisição civil.
O texto do ‘Observador’, a que nos referimos nesta matéria, termina da seguinte maneira:
«Agora, mesmo depois de a administração da TAP ter convocado uma reunião com os sindicatos, que decorreu na sexta-feira, as esperanças da empresa e do Governo num recuo dos sindicatos é mínimo. Segundo apurou o Observador, o encontro decorreu num ambiente de “pedagogia” (por parte de Fernando Pinto, procurando argumentar que a greve vai prejudicar a empresa, não dando espaço a que algumas das suas reivindicações fossem aceites). Mas acabou como começou, sem sinais de qualquer flexibilidade sobretudo do sindicato dos pilotos para reentrar em negociações.»
Até ao final da noite de hoje, sábado, dia 20 de Dezembro, nenhuma das partes comentou esta posição do Sindicato dos Pilotos, a quem é imputada a responsabilidade da greve se manter. Os outros 11 sindicatos teriam cedido nalgumas das suas reivindicações, abrindo caminho para um eventual acordo e levantamento da paralisação.