A companhia Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), com maioria de capitais públicos, pondera desmantelar dois aviões de passageiros Embraer 190 e vender as suas peças. Em causa está a falta de clientes para adquirir as aeronaves, que estão no mercado desde julho de 2019.
A falta de comprador dos aparelhos que atualmente se encontram num hangar em Nairobi, no Quénia, tem sido um fardo para a tesouraria da empresa aérea de bandeira moçambicana.
De acordo com o jornal local ‘Canal de Moçambique’, uma fonte que tem tomado parte nas reuniões da operação da companhia, o hangar queniano cobra a cada avião da LAM 40 mil dólares (36 mil euros) por mês de taxa de armazenamento. Todavia, a direção da LAM informou ao hangar que vai pagar o parqueamento com o dinheiro da venda dos aparelhos.
Em entrevista há dias ao semanário moçambicano, o diretor-geral da companhia João Carlos Pó Jorge, explicou que a falta de clientes associa-se a existência no mercado de mais de 60 aviões semelhantes, o que dificulta o processo de venda.
O responsável pela gestão da LAM acrescentou que “o 190 é um avião que já tem uma nova versão, com características melhores, pelo que começou a perder valor”. E, porque “já houve propostas de comprar o avião em peças estamos a pensar nisso, até que pode ser mais rentável”, afirmou aquele gestor em conversa com o semanário moçambicano.
A venda das aeronaves é fundamentada pela empresa com a necessidade de uniformização da frota. Com o mesmo desiderato, a companhia vendeu em dezembro de 2018, um Boeing 737-500 Classic à companhia afegã Ariana, por 2,5 milhões de dólares (2,2 milhões de euros).
Os aviões Embraer E190 chegaram novos à LAM em 2009. Os que estão no Quénia a aguardar destino têm as matrículas C)-EMA (msn301) e C9-EMB (msn309). Têm 10 anos de serviço. Um terceiro avião do mesmo tipo, recebido no mesmo ano (C9-EMC) sofreu um acidente em novembro de 2013, na Namíbia, com perda total. Mais tarde veio a comprovar-se a tese de suicídio do comandante.
A frota atual da LAM – Linhas Aéreas de Moçambique é constituída pelos seguintes aparelhos: dois Boeing 737-700, um Boeing 737-300, um Dash-8 Q400, um Dash Q300 e um Embraer E120. A subsidiária MEX está a operar com dois Embraer ERJ145, para transporte de passageiros entre aeroportos de menor escala no interior do País.
- Texto de Evaristo Fernando Chilingue, especial para o ‘Newsavia’