LATAM Airlines Brasil inaugura voo para as Malvinas – Argentinos protestam

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A LATAM Airlines Brasil inaugurou na quarta-feira, dia 20 de novembro, o novo voo entre São Paulo/Guarulhos e o Aeroporto de Mount Pleasant/Port Stanley, nas ilhas Falklands/Malvinas, com escala no Aeroporto Internacional de Engenheiro Ambrosio Taravella, na província de Córdoba, na Argentina.

Segundo a imprensa argentina, o primeiro voo partiu com 45 passageiros, dos quais quatro embarcaram em Córdoba, enquanto os restantes eram proveniente de São Paulo. O Boeing 767-300, de matrícula brasileira, tem capacidade para 221 passageiros, sendo 30 em Classe Executiva e 191 em Económica.

A LATAM operará todas as quartas-feiras entre São Paulo e Mount Pleasant. Na segunda quarta-feira de cada mês, o voo faz escala em Córdoba na viagem de ida, enquanto na terceira quarta-feira a passagem acontece na viagem de regresso ao Brasil.

Nessa rota, a LATAM Brasil obteve direitos de tráfego entre Córdoba e Mount Pleasant, através de uma resolução oficial especial do ex-Presidente da República Argentina Maurício Macri, que classifica o voo como de cabotagem.

Desde há mais de uma década que o único voo que ligava as ilhas Falklands/Malvinas ao território continental da América do Sul era para Punta Arenas, na República do Chile, com escala em Rio Gallego, na província argentina de Santa Cruz. Tem frequência mensal e é realizado também pela LATAM Airlines, com aviões de registo chileno.

O governo das Ilhas Falklands, nomeado pela Coroa Britânica, estava desde há muitos anos a negociar uma segunda ligação ao continente, procurando uma maior abertura ao mundo através da Argentina ou do Brasil. As negociações foram difíceis e morosas e resultaram de um entendimento em que as autoridades brasileiras tiveram um papel preponderante, conseguindo ultrapassar as grandes divergências políticas e territoriais existentes entre a Argentina e a Grã-Bretanha, devido ao conflito das Ilhas Falklands, em 1982.

 

Contudo, há outra versão que corre na imprensa argentina e que diz que a concessão do Presidente da República, Mauricio Macri, surgiu após uma diligência junto da ex-primeira-ministra Theresa May, quando a Argentina procurava apoio do Reino Unido na votação da então ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, para o lugar de secretário-geral da ONU, funções assumidas pelo português António Guterres. Susana Malcorra, antes de entrar no Governo, em Buenos Aires, tinha assumiu, durante pouco mais de uma década, diversos cargos na Organização das Nações Unidas (ONU).

Uma das contra-partidas para o apoio britânico teria sido a autorização da abertura de um voo do Brasil para as Falklands/Malvinas, ao que Macri acedeu.

Esta versão é corroborada pela antiga embaixadora da Argentina em Londres, Alicia Castro, em declarações a um jornal digital argentino.

A abertura do voo, contra o qual um grupo de antigos combatentes argentinos chegou a solicitar a um Tribunal de Córdoba uma providência cautelar, tem suscitado grandes críticas na imprensa argentina, nomeadamente a de maior pendor patriótico, dada a tensão militar existente e a reivindicação da Argentina pelo território da ilhas Falklands/Malvinas, um território ultramarino do Reino Unido, onde estão estacionados cerca de dois mil efectivos militares e um forte dispositivo com navios de guerra, incluindo um submarino nuclear, aviões de combate, mísseis e tanques de apoio a tropas de infantaria.

Na porta de embarque em Córdoba o voo da LATAM surgiu tendo como destino Puerto Argentino. Os funcionários do aeroporto assim decidiram.

A Associação Argentina de Aeronavegantes, que congrega milhares de trabalhadores do sector aeronáutico, de aeroportos e companhias aéreas, manifestou-se contra a abertura do voo. Sublinhou que o facto de ter sido inaugurado no dia 20 de novembro é ainda mais grave. Nesse dia comemorou-se o ‘Dia da Soberania Nacional’, em que se exaltam em todo o País os valores nacionais e pátrios. Não acreditam que tenha sido resultado de um acaso, motivado pelo desconhecimento. Consideram ainda que, a ser autorizado, o voo deveria ter tido início num aeroporto argentino e não no Brasil, e realizado por uma empresa argentina com pessoal argentino”. Aludem ainda ao facto da companhia aérea brasileira utilizar como designação final do destino do voo as Ilhas Falklands e o Aeroporto de Mount Pleasant, que serve a capital, Port Stanley, nomes em inglês que não estão de acordo com as resoluções do ‘Mercosul’, depois do conflito armado de 1982. O correto seria o voo ser feito por uma empresa argentina, ter início e fim num aeroporto argentino e o destino denominar-se ‘Puerto Argentino/Malvinas’ como está designado e aprovado pelos países do ‘Mercosul’. Contudo, o grémio de sindicatos aeronáuticos, esclareceu que os trabalhadores não estavam ou estão contra a companhia aérea brasileira, nem contra os seus tripulantes ou passageiros que embarcaram e embarcarão nesses voos. A discordância é de fundo e tem uma base política e de defesa da soberania nacional.

 

Reprodução do comunicado da Associação Argentina de Aeronavegantes na sua conta de Twitter.

 

Presentemente há fortes movimentos político-partidários na Argentina para que o Presidente da República eleito, mas ainda não empossado, Alberto Fernández, de sinal contrário ao do governo direitista de Maurício Macri, tome a iniciativa de cancelar a autorização do voo que presentemente liga São Paulo a Port Stanley, com escala em Córdoba.

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