Antonoaldo Neves, presidente executivo da TAP Air Portugal, disse que “não adianta mudar os limites” porque a companhia aérea portuguesa e os seus pilotos não irão baixar os seus níveis de segurança, em relação aos ventos cruzados no Aeroporto da Madeira-Cristiano Ronaldo.
Na sua primeira entrevista ao jornal ‘Expresso’, publicado neste sábado, dia 8 de setembro, na edição impressa semanal, Antonoaldo Neves diz taxativamente: “Eu não vou baixar os limites dos ventos enquanto for CEO da TAP. Não vou baixar”. O responsável pela gestão da companhia aérea portuguesa, que é também a maior operadora no aeroporto madeirense, reafirma que a TAP vai continuar a respeitar os limites atuais, que são mandatórios e que vigoram desde há muitos anos.
O jornal refere que está em causa o debate lançado para eventuais alterações aos limites atmosféricos e de vento que permitem aterrar no aeroporto da Madeira, que o regulador, a ANAC, está a analisar, a pedido do presidente da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque. O Governo Regional defende que os atuais limites, criados nos anos 60, estão ultrapassados e deviam ser revistos, dado que estão a penalizar a economia e a mobilidade dos madeirenses. Os limites não podem ser ultrapassados por questões de segurança.
Antonoaldo Neves não abre sequer espaço para essa discussão dentro da TAP: “Conversei com os meus pilotos, conversei com os pilotos da Airbus… Isso é retórica. Houve uma pessoa que veio aqui dizer-me que ‘em média, os ventos este ano foram mais baixos que no ano passado’. Uma pessoa que pensa a aviação em médias vai causar um acidente catastrófico. O que importa é o vento no pico, que derruba o avião. A média do vento não quer dizer nada, toda a média é burra. As pessoas estão a tratar desse assunto sem seriedade. A TAP não negoceia com segurança.”
O presidente executivo da TAP respalda-se na experiência da companhia em voar para a Madeira, que levou a Airbus a convidar pilotos da TAP para fazer testes de resistência das suas novas aeronaves pousando na ilha. “Há filmes na Internet, vão observar as aterragens. É muito arriscado. Não adianta ter essa discussão sobre cancelamentos na Madeira no que diz respeito a questões meteorológicas. É uma irresponsabilidade tratar o assunto dessa forma, a TAP não vai entrar nesse jogo”, sentencia.
- Foto © Luís Dória Santos