Os tripulantes de cabina da EasyJet que trabalham baseados em aeroportos portugueses rejeitaram nesta terça-feira, dia 23 de agosto, uma nova proposta da transportadora aérea europeia de baixo custo, depois de se reunirem em assembleia-geral de emergência, segundo o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Numa nota enviada aos associados, a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso, a estrutura sindical adiantou que se realizou “a assembleia geral de emergência, com a respetiva votação da proposta apresentada pela empresa, assim como estabelecido na ordem de trabalhos prevista”.
A assembleia contou com uma “participação massiva”, disse a estrutura, adiantando que, na votação, dos 441 associados que trabalham na EasyJet, votaram 415.
Segundo o SNPVAC, houve 351 votos contra, 43 a favor e 21 abstenções.
“Este resultado não deixa margens para dúvidas, 85% dos associados consideram esta proposta insuficiente”, garante o sindicato.
“Dado o grande descontentamento demonstrado pelos associados, veremos se a empresa finalmente entende que o sentimento dos tripulantes não é inventado ou instigado pelo SNPVAC”, destaca ainda a nota da estrutura sindical.
“O resultado da votação demonstra que estamos no caminho certo e não desistiremos de lutar pela melhoria das nossas condições de trabalho”, considera finalmente o SNPVAC.
Os tripulantes de cabina da EasyJet já realizaram três greves nos últimos meses em protesto contra o que defendem ser uma política discriminatória da empresa face a outras bases europeias.
Em julho, o presidente do SNPVAC, que falava aos jornalistas à porta do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, criticou a postura da EasyJet por esta “discriminar” os trabalhadores portugueses.
“Não é justo que um tripulante em Portugal ganhe menos 67% do que um tripulante em França ou na Alemanha. Não é o nível de vida de Portugal comparado com França que justifica esse diferencial. Estamos a falar de uma das bases mais rentáveis, rede essa que teve lucro no primeiro trimestre de 228 milhões. Os lucros têm de acompanhar as condições dos trabalhadores”, disse.
“A realidade é sempre a mesma: uma proposta sempre muito abaixo da realidade do país. A segunda proposta vem com algumas melhorias e a terceira também. Já vamos na terceira greve infelizmente. Isto parece um jogo de paciência. Esperemos que a empresa perceba que as reivindicações são justas”, disse.
Para o presidente do SNPVAC, a situação é “clara e evidente”: “Se a EasyJet afirma que é a segunda marca em Portugal, então as condições de salário têm de acompanhar esse crescimento”, resumiu.