Dividindo o céu em histórias

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Antes de mais nada, desculpem o longo hiato entre este artigo e o meu anterior. As últimas semanas foram especialmente atarefadas, mas finalmente chegamos ao texto de agosto. Este mês faz seis anos do lançamento de “Três Céus”, meu mais bem sucedido romance, que junta duas grandes paixões da minha vida: aviação e escrita. A dinâmica do mercado editorial tem muitas nuances, meandros, detalhes, que são bem mais determinantes no sucesso ou não de um livro do que um primeiro olhar leigo possa sugerir, e embora meu segundo romance não tenha arrebatado multidões, tem me rendido um maravilhoso feedback dos seus milhares de leitores ao longo dessa meia década.

Para quem não teve oportunidade de lê-lo, “Três Céus” fala de três personagens, um comissário, uma comissária e um comandante, de uma grande companhia aérea brasileira, e suas aventuras e desventuras na vida e na carreira. É uma obra de ficção, mas traz muitos elementos reais, seja na construção de seus personagens, nos cenários ou em boa parte das situações descritas. “Três Céus” é tão fidedigno que muita gente que lê perde a noção de realidade e ficção de suas histórias, pois mesmo o que não aconteceu na vida real, poderia facilmente ter acontecido. Feita esta pequena introdução, o público do livro ao longo dos anos tem sido muito variado. No começo, muitos dos leitores do meu primeiro romance, “Todas as estrelas do céu”, receberam o segundo com os braços abertos, e sou muito grato ao esforço extra que fizeram para entender um ambiente que é estranho à muitas das pessoas, e quando retratado na ficção, é repleto de estereótipos. “Três Céus”, ao contrário da maioria dos filmes e livros que se passam no ambiente da aviação, é bastante fiel ao cotidiano das tripulações, e se peca em algo, é na atenção à detalhes técnicos, sem os quais seria muito difícil ambientar o livro sem parecer displicente ou superficial. Mas creio que o romance conseguiu um equilíbrio bastante decente, o que não evitou o que já esperávamos: que o público ligado à aviação, seja por sonho ou realidade, fosse o que viesse a gostar e a consumir mais do “Três Céus”. São muitas e muitas histórias de pessoas que leram o livro e depois, por acaso, voaram comigo e descobriram que eu era o autor. Ou de pais de colegas que agradeceram pelo livro fazê-los entender melhor a vida de seus filhos. Fora claro todo o público leigo que conseguiu perceber a tensão dos últimos capítulos apesar da alta complexidade técnica envolvida na construção do suspense que leva ao clímax da história; na minha opinião, seu maior trunfo.

Eu, que tive tantas grandes inspirações na minha carreira, acho especialmente tocante quando alguém me conta que foi inspirado por “Três Céus”. E dos muitos casos, talvez o mais emblemático seja o de Lucas. Ele era um jornalista cujo sonho era voar. Após ler “Três Céus”, pediu demissão e se matriculou num curso de comissário. Não era uma época fácil para conseguir emprego na área, e por um bom tempo ele trabalhou em terra no Rio de Janeiro. Esse mês, finalmente, ele terminou sua instrução em rota, e está voando o país todo, realizado como nunca foi na profissão anterior. O fato de ele dividir o nome com o protagonista é só um detalhe: Lucas era o protagonista do meu primeiríssimo livro escrito e não terminado, “Lucas e Thaís”, em 1998. Revivê-los – sim, a Thaís também aparece – no livro de 14 anos depois foi uma simples homenagem, mas eles tiveram o privilégio de inspirar muitas pessoas que não conheceram os originais. Eu fui só o mensageiro.

 


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